
4 destaques de Milão por Larissa Catossi

Mais uma edição de Milão chega ao fim, reafirmando seu papel como epicentro criativo do design mundial. Para além de um espaço de experiências, a 63ª feira promove conexões e reflexões sobre o presente e o futuro do design e da arquitetura.
Entre o Salone e o Fuorisalone, marcas consagradas, novos talentos e estúdios de diferentes partes do mundo apresentaram propostas que vão além da estética. O que se viu foi um design mais sensível, híbrido e emocional — ou seja, atento às necessidades reais das pessoas e às possibilidades infinitas de novos materiais.
Nilufar’s Exhibition para o Salão do Milão | Foto: Larissa Catossi
Nesta imersão conduzida pela arquiteta Larissa Catossi, correspondente da Eliane na feira, reunimos os principais destaques e movimentos percebidos durante a semana de design em Milão. Tendências que apontam novos caminhos e provocam novas formas de ver, viver e sentir.
Oásis Cromáticos: intensidade das cores
As cores ganham novas narrativas em Milão. Por isso, em 2025, os tons surgem mais densos, profundos e hipnóticos. Em superfícies sensoriais — o contraste se manifesta como um convite ao toque e ao olhar. “Os tons de vermelho, bordô, vinho, uva sempre acompanhados de marrom, uma aposta de cores, rosa goiaba, um azul com fundo arroxeado”, destaca Larissa.
Kartell| Foto: Larissa Catossi
Formas que fluem, materiais que brilham
Nas linhas e nos materiais, formas orgânicas e elementos industriais convivem com harmonia. O aço inoxidável reaparece com força, agora repensado com suavidade e leveza — seja escovado ou brilhante. “Os metais como inox e o aço escovado ganham força, além das formas orgânicas, que remetem à natureza.”
FLOS na Euroluce | Foto: Larissa Catossi
Design que pensa e sente: soluções com propósito
O mobiliário deixa de ser apenas um objeto e passa a ter novas funcionalidades. Tornam-se mais adaptáveis, inteligentes e impactantes. Mesas modulares, por exemplo, surgem como soluções criativas para a arquitetura. “É interessante quando a gente pensa em içamento de móveis gigantes para apartamentos. Ter como modular a mesa, por exemplo, é uma ideia bem funcional e o efeito é bem interessante”.
Salão do Móvel de Milão | Foto: Larissa Catossi
Conexão entre o artesanal e o industrial
A edição deste ano evidenciou uma convivência cada vez mais fluida entre o artesanal e o industrial. Além disso, as grandes marcas buscaram esse equilíbrio, que resultou em peças únicas, cheias de presença e autenticidade. “Essa abordagem já apareceu em outras edições, e tem chamado bastante atenção como, por exemplo, o bouclé, que continua forte, mas com uma atualização inspiradora. Surge com um aspecto mais atoalhado e estruturado”, comenta a arquiteta.
Staging Modernity, Cassina x Formafantasma | Foto: Omar Sartor
Essa valorização do processo manual não é apenas estética: é também uma forma de conectar e equilibrar o que é funcional e sensorial, mas acima de tudo, profundamente humano. “Esse ano, pude perceber de perto, um movimento de desacelerar. A Cassina trouxe uma espécie de espetáculo com atores, paralelo a Semana de Design, que trouxe uma percepção diferente para o evento de forma geral. Realmente, essa é uma edição que ficará marcada”, finaliza Larissa.